COMUNICADO ANT 02: A CRISE ATUAL E COMO SAIR DELA: CONTRA O CAPITAL RUMO À AUTONOMIA DO PROLETARIADO

COMUNICADO ANT 02:

A CRISE ATUAL E COMO SAIR DELA:
CONTRA O CAPITAL RUMO À AUTONOMIA DO PROLETARIADO

A crise atual é, por um lado, uma crise financeira, e, por outro, uma crise político-institucional. A crise financeira é produto da desestabilização do regime de acumulação integral (caracterizado pela execução de políticas neoliberais, aumento da repressão policial, aumento da exploração e precarização do trabalho, entre diversos outros aspectos) que vem ocorrendo nos últimos anos no caso brasileiro. O regime de acumulação integral foi instaurado no Brasil a partir do Governo Collor, nos anos 1990, e se consolidou na década seguinte, sendo que nos últimos anos vem demonstrando um processo de desestabilização, o que é expresso por sua crise financeira e outras dificuldades de reprodução.

Ao lado disso, a disputa pelo poder entre alas do bloco dominante (composto pelas forças organizadas e conscientes a serviço do capital, ou seja, da classe capitalista) se acirra. Esse processo se iniciou desde 2013, quando as grandes manifestações populares mostraram a fragilidade do Governo Dilma. No ano seguinte esse processo se manifestou na disputa eleitoral, e em 2015 a disputa entre governistas e antigovernistas, envolvendo partidos, grupos, movimentos sociais, etc. em ambos os lados e ganhou forma na proposta de impeachment. Nesse momento, desde o processo eleitoral, criou uma falsa polarização entre governistas (a ala governista do bloco dominante, representada pelo Governo Dilma e PT), e oposicionistas (a ala oposicionista e a ala extremista do bloco dominante, representado por PSDB e organizações financiadas pelos Estados Unidos). No caso dos partidos políticos, é apenas uma disputa por quem controlará e usufruirá os privilégios de estar no aparato estatal, pois ambos representam os interesses do capital, sendo, portanto, contra os trabalhadores.

A crise financeira e a crise político-institucional se reforçam mutuamente. O Governo Dilma, devido interesses eleitoreiros, realizou uma política ambígua e indecisa, aumentando a crise. Ao lado disso, as acusações de corrupção aumentaram e foi ocorrendo uma progressiva perda de apoio do Governo Dilma. Esse ano houve um acirramento da disputa em torno do impeachment, um cerco sobre o governo Dilma dos meios oligopolistas de comunicação, poder judiciário e polícia federal.

Qual nossa posição diante desta crise? A ANT se coloca contrária à polarização estabelecida entre ala governista e ala oposicionista do bloco dominante. Nesse sentido, tanto faz qual será o partido ou presidente que efetivará políticas contra os trabalhadores. O que nos interessa é preparar os trabalhadores para combater tais políticas e os efeitos da crise financeira sobre os trabalhadores. A crise financeira para ser solucionada requer medidas voltadas para o aumento da exploração dos trabalhadores e estes só podem resistir e minimizar esse processo através de suas lutas, auto-organização, desenvolvimento da consciência revolucionária. É preciso deixar bem claro que aqueles que defendem o Governo Dilma, que efetivou diversas medidas contra os trabalhadores e planeja outras que estão sendo entendidas como necessárias, apoiam as políticas que prejudicam a maioria da população. Quem é a favor do governo é contra o proletariado, independentemente de quem está no aparato estatal, pois este expressa o interesse da classe dominante.

A luta dos trabalhadores deve ser autônoma e independente. Os trabalhadores devem se organizar e não ligar para os shows pirotécnicos das manifestações e nem pensar que esta é a única e mais eficaz forma de luta. As manifestações são apenas formas de pressão e agora assumiu o papel de medição de forças entre as alas em disputa do bloco dominante (petistas e antipetistas). Essa polarização entre forças organizadas e opostas das classes privilegiadas nada tem a ver com os interesses dos trabalhadores, que devem se opor a ambos e colocar sua posição de classe, proletária.

Nesse sentido, a ANT lança um chamado para a auto-organização dos trabalhadores, a ampliação de sua formação política e cultural, lutando, simultaneamente, contra as políticas governamentais nefastas que prejudicam os trabalhadores e pela transformação social radical. Ou seja, uma luta defensiva visando impedir a deterioração do nível de vida dos trabalhadores ao lado de uma luta ofensiva, através da auto-organização e autoformação dos trabalhadores e ações estratégicas visando a transformação total e radical da sociedade.

A forma de luta principal, nesse caso, não é a manifestação (que pode e deve ocorrer como forma secundária de luta) e sim a greve. É através da greve que os trabalhadores podem realizar uma pressão poderosa sobre as empresas capitalistas e o Estado, pois elas atingem o grande objetivo da classe dominante: o lucro. Devemos fazer brotar milhares de movimentos grevistas no país, tanto por questões específicas como também por questões gerais. Para realizar esse amplo movimento grevista, é necessário a formação de núcleos da ANT em todo o país e realizar uma ampla propaganda a favor da greve como principal forma de luta dos trabalhadores.

As greves reivindicativas são lutas defensivas que precisam ser complementadas por um planejamento de uma greve geral nacional. A greve geral nacional deve ser, ao mesmo tempo, uma demonstração de força dos trabalhadores, um processo de união do conjunto dos trabalhadores e a primeira forma ampliada de auto-organização e primeiro passa para a constituição da autogestão social.


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